domingo, 31 de outubro de 2010

Juju

Juju de Bruno Belfort

Diga que você me quer bem
Me diga tudo o que você quer dizer a alguém
Me diga tudo o que eu quero dizer
e eu digo tudo o que você quer dizer também,Juju

Uma vez tive você
Por duas vezes,a certeza de ter outra vez
Mas uma vez pude entender,afinal
Você me tinha,eu não sabia,e era tão natural Juju

Doce como um doce
Doce como um doce
I love u

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Tempo de Flor

Sois tempo de flor,meus amores
Um sopro sem autor pela vida
que não ireis levar convosco
quando vos fores

Sois memória enquanto andais
em vossos passos quase incertos
Sois história que se conta
em outros séculos

Sois minhas quando as quero,
e à tempo de dizer que as amo
Sobretudo,quando choro
o vosso amor perdido

Não me engano,pois me tendes esquecido
e há tempos eu não vivo por querer

Sou tempo de flor,meus amores
Um sopro sem autor pela vida
que não ireis levar convosco
quando vos fores
como eu

domingo, 24 de outubro de 2010

Pequena

Traz meu sol no brilho dos teus olhos,Pequena,
e o teu sorriso,lindo como o azul do céu
Cobre o meu mundo no amor dos lábios teus,
tão puros e cheios de mel do jardim de Deus

Traz o som que emana do teu peito,Pequena,
a propagar do amor que eu sinto por você
E a voz que clama do meu ser se vai calar
na euforia dos meus olhos a te ver chegar

Traz o amor que arde no teu peito,Pequena
Manifeste a mim toda a ternura da tua voz
a reclamar meu coração ao teu enfim
No teu sorriso,eu encontrei um final feliz

No teu sorriso,eu encontrei meu final...
feliz

De Olhos Fechados


Quando você sangra,
e todos te reclamam solução,
por quem você clama?
Quem promove a luz na escuridão
onde você anda?

Quem te deu aval ou condição
de fazer ciranda,
quando a dança é outra

E você não está tão afim
de seguir viagem
em toda essa bobagem
feito pão diário à formação
de seu próprio senso,
tão sensível e tenso

Quase imprevisível,
tão quanto denso
e incompatível ao mesmo lugar
onde você estava

A pessoa errada
foi exatamente o que matou,
quando te informaram
sua má vontade
e incapacidade

Existência decadente e dependente

Saia
desse breu manchado
pela luz vazia,
quando a hipocrisia lhe comprar
mais algumas táticas
e disfarces mágicos
a enganar os tolos
cuja fé,aos montes,se dispõe
junto aos teus pés
que ninguém mais lava

Onde,embaixo,cavas
a abrigar sem ver sua vida vã
e desajustada,
e desamparada,
e desesperada
por aqueles que primeiro amou

de olhos fechados

Mana

Duro de matar essa tristeza
Eu sei,mas devagar
a gente chega

Há sempre outro lugar
pra se viver em paz,
pra se amar demais,
mesmo que seja

um outro rapaz,moça morena
Deixa essa ilusão
sair de cena
Torna a confusão amena
e não te faz mais tão ingênua assim

Pois a vida é sempre
o mesmo conto incerto,
curto e incomum

Nada está escrito
No caminho,és tão perdida
como qualquer um

Toma o teu lugar,menina bela
Corre pro viver,
nenhuma cela é feita por querer

Não ceda a tua paz
à força de um rapaz
ainda latente em ti

Ninguém tem ciência do porvir
É paciência e pés no chão,
quando o coração de quem se ama
não se dobra nem ao sim ou não

Duro de matar essa tristeza
Eu sei,mas devagar
a gente chega

Há sempre outro lugar
pra se viver em paz,
pra se amar demais,
mesmo que seja o fim

Moderado

Às vezes penso,
e às vezes penso demais,
ou é só medo?

E essa incerteza que só você me traz,
me faz ter pesadelos

O que eu quero?
Será que é exagero
querer querer por inteiro?

E,se eu te espero,
talvez eu tenha o direito
de reclamar teu direito
de ser de si mesmo

Às vezes nego o que eu desejo demais
E é só desejo

E a Deus,eu peço
Despeço todos os ais,
todos os preconceitos

Me leve embora,me dê um destino certeiro
Me faça feliz do seu jeito

Mal vejo a hora,e agora é você no meu peito
Suspeita de amor verdadeiro

Parcial devaneio

Vade Mecum


Cadê?
Minha sorte é vazia sem você;
é paz ao inverso

Não estou no Inferno,
mas,confesso é
que o diabo anda no meu pé

Pra que
penar por preguiça de esquecer,
se eu sei onde encontrar
você e o seu elixir pra fazer sumir
essa dor que não quer passar

Ah,por que solidão
foi andar de mão em mão comigo?

Meu Deus,
quem dera me fosses tão mais meu!
Estaria perdido,
mas não tão confuso,
tão insosso,Deus

Eu não sei se aprendi a amar

Mercado

Caminhos diversos,
a verdade está à venda
Somos fregueses fiéis,
famintos de esperança

O amor perece a cada dia
e não sabemos como e onde comprar
Saídas de emergência
parecem ser muito mais solicitadas

É tão mais cômodo fugir
e ser o novo nômade oportunista
Por que não cuidar do que se tem,
mudar o mundo à sua volta?

Talvez não seja interessante
fazer o bem a quem tão pouco se ama
Então,se entregue a este mercado
e seja um escravo de sua própria ganância

Coma do pão do egocentrismo
e dê a luz à sua sentença
Goze a abundante violência
dos nossos dias de miséria

Porque você é terra fértil
à toda forma de comércio
e os seus valores andam em queda...

Adolescer

Por mais difícil que pareça
é só vontade a tua pressa
E a tua idade ainda pequena
pra compreender e,por vaidade,
perturbar sua cabeça
de apuros irreais

Se não há como,então esqueça
Todo insistir consiste em crença
O que se tem é o que há de certo,
e não há nada mais correto
que dar lugar a tudo o que é puramente seu

O tempo é vão e passageiro
O mundo gira,e sempre atrás do vento
Um amanhã te espera quieto e atento,
lento como o tédio em dia de verão

4 Paredes

Eu estava nu,você não me vestiu
Você só me cobriu com seus olhares vis
e o seu conceito de justiça tão “gentil”

Eu não sabia que era tão contrário assim
e,sendo honesto,qual a razão pra ser ruim?
Aos olhos de vocês,um incômodo eu sou
Ninguém se predispôs a falar mais de amor

Encaram meus pensamentos como algo tão rebelde e infantil...
Talvez no fundo não entendam,ou até consintam;
não falo de outro mundo

Minha vida é muito mais que um ponto exclusivo de vista
Escravista é a doutrina tão quanto humanista é o meu dom
de ser o que eu sou e o que vier à minha mente,irmão

Me diz se é mesmo livre o seu viver
Então,me diz...

Amigos

Não é difícil semear o solo maleável,
tampouco abençoar o coração afável,

de alma partilhada e,em si,recompensada
naqueles onde o fôlego se encontra preservado

A quem devo agradecer aos ouvidos mais bonitos,
aos amigos mais benditos e,de fato,mui amados?

Pois neles aprendi o que há no amor de tão sagrado;
em cada interior,o bom abrigo

Se há deus algum,eu lhe suplico
que santo seja o errante amigo
que ama a mim até aos meus pecados,
desde a cabeça ao jeito dos calçados

e até o fim

Platônico

Perdi meu rumo por agora,e é pra sempre
a sensação de que não sou dono de mim
Eu sou assim,um tanto só em minhas fraquezas

Quando me vêm,e se apresentam como são,
nunca estou são,e preparado a tempo,e atento
Então me calam a paz e roubam-me a destreza

Deitado à sombra de um carvalho velho e seco,
penso nela como quem vê um anjo torto
e não entendo como pude ser tão louco por amor

Por amor

De Outro

De outro que era,não vi que era ela
E agora,ela era de outro

Agora era outro que era
o que era pra ser

Agora era outro que era
aquilo que quis

Serei meramente um desejo falido sem ela,
sem tê-la

Mas,se era pra ser desde sempre,
que seja de vez
e enfim

De outro que era,não vi que era eu
Não vi que era só eu quem via
de outro o lugar que era meu

De outro,o lugar que era meu

O Teimoso

Quero,e persevero,
e não me quero tanto assim

Não me espanto à pobre pranto
e não me escondo amedrontado
Perco o encanto por mim

vazio de senso e mui propenso
ao que faz tenso o riso

Tira-me o pão,despenda o meu quinhão,
mas não me aparte o guizo angustiado,
por mais desvairado

À mercê do tempo
que me traga a juventude
pelo filtro da ignorância

A esperança desta vida
é apenas vã relutância

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

A Semente e a Flor

Rengue sobre o lodo
Do que é meu,não há dono
De bom grado,eu recebo

Pela luz vejo as trevas
Eu pareço pequeno
indo ao encontro do eterno

Dentro de nós
A causa e o efeito
A semente e a flor

Dentro de nós
A escolha que teima
em externar o valor

Ao teu coro,eu me rendo
Nam-Myoho-Rengue-Kyo

Consolo

Põe teu sono como selo
sobre o enfermo e dedicado
e há tempos morto e soterrado amor
pelos séculos passados em aparentes madrugadas
de completa solidão

Dormir é fuga como lágrima sem culpa soa frágil
ao tato fácil e inconcebível da presente aflição

Acolhe-te a ti mesmo em memória fetal
que o corpo denuncia em casta sobriedade,
e faz nascido na realidade crua da miséria interior
A busca é por si mesmo e assim sempre será

pois o vazio é amplo como a dor
que não passa

Teu Olhar

Pareço gelado,
mas é só teu olhar
Mudo feito finado fico,
tantando desnudar
o que há de exato em ti

Mas não é típico te ver,
então questiono:
Por que me proponho?
E o que há em ti?

Mas não me respondo
Só deixo meu olhar te descobrir

Pouca Paz

Veio e foi-se fácil
como um passe,
como dança
Envolta em lençóis trágicos

ela acordou,e não parecia
que em seu sono havia riso

Apalpa o alforje,e,no vazio,desola-se mais
É manhã,dia de adeus

O gozo extingue-se em cinza e nuvens
Tudo é triste ao meu olhar
Tenho seu cheiro em meus dedos ainda
e nada mais

Busco seu fôlego em ares ocultos
até estar farto e indisposto enfim
Temo estar longe e não mais encontrá-la
ao mendigar por pouca paz

Vergonha em Você

Em minha merda...afundado
E o desencanto como amigo...
Eu não consigo,eu não consigo...
Tanto uso fez-me débil e pesado,
mesmo ainda leve os ossos secos e pálidos

Veja os abscessos fazendo relevo
em ambos antebraços entregues
por diversão

Eles sangram enquanto densos e enfadonhos
Rastros de um caminho de paz e ilusão

Em mim reside a dor e o seu afago à escuridão do quarto
Eu não me importo com o toque de suas mãos frágeis e mortas
em meio a fumaça inibriante

Eu sou sujo e doente
Um leproso escondido numa parede de calma

Estou só,fogem-me os dias em desespero
Meu pai deu à luz a um aborto próprio
Eu tomo do meu leite envenenado há anos
no seio da solidão de sua presença

E eu sei que estou errado por fingir
que a magreza e a doença não existem,
cagado e fodido em meu silêncio

Nenhuma dignidade ao alcance
que não pereça num oceano de lágrimas

Lentes escuras à noite quando luz é cinza diluída
Restos de miséria raspada impregnados em minhas unhas
Tudo gira e é disforme
Pupilas dilatadas...tenho fome...
Agora longe...e sempre...fora...ausente...

Todos se vão,e não há sobra que não seja consumida...
É morna a sombra da morte,e eu faço a minha cama fria
quebrantado por sua voz...

O que te faz feliz?