quarta-feira, 25 de maio de 2011

Partida

Diga que as amarras já se foram

Dissolvidas pelo tempo,elas voam em dispersão

Diga que as verdades foram impostas,

que bobagem de criança é cura ao alcance das mãos


Diga que o pra sempre é andarilho,

que os amores no caminho não são pedras de tropeço

Conte com as estrelas que se conta

O futuro é preenchido pelo andar em recomeço


O efêmero das coisas gera graça no olhar do Homem Só

Transita pelo oco ser,e nele faz morada por desatenção

E,quando o despertar se encontra às portas,já não pode discernir

o que era sonho ou não


Hora de ir,

mas você não fez as contas

E a saudade,ainda exposta,

não se lava água e sabão


Hora de ir

quarta-feira, 11 de maio de 2011

Da Caixa de Sapatos nº 5

Hoje eu mudei,
foi o suficiente pra você
Um espetáculo hostil eu vivo em casa
Todo dia a mesma pobre merda acusatória

Meu deus,

cadê você nesse lance de unidade familiar
intolerante,ausente,bíblica e infantil

"Vai embora,seu puto.Viadinho de merda",
é o que você me diz por ser quem sou

Hoje eu mudei
E ter um bom caráter não importa se eu discordo?
Ok.

Mas só mudei porque aprendi a ser honesto comigo mesmo,
e o que eu sei
foi o que aprendi com você

Desperdício

Me sinto um estranho na vida
Não sei aonde vou e o que quero
Frustrado e perdido,ando incerto
Parece que não sou daqui

Juntei bons exemplos de ausência
Ninguém me ensinou a me amar
Difícil é sonhar e ter fé
Apenas existo e mais nada

Um desperdício de gente
no Planeta

Pobre sonhador insistente,
como invejo você
Bêbado,sozinho e indisposto
Desgosto é o meu lugar-comum

E enquanto você cumpre suas metas,
eu penso em suicídio

Não tenho esperança nos dias
As coisas não mudam,e nunca vão
Eu vivo a doença e o atraso
Não passo de um aborto do acaso

Um desperdício de gente
no Planeta

Estimulantes


Morra a esperança
antes que eu morra
insatisfeito por sofrer
pelo seu bem

Sem cara de quem para pra pensar

Um homem precisa é de sexo
De sexo bom e abrigo
Mas ela quer o meu amor
sem jogar

Sem cara de quem para pra pensar

E ela é uma mansão para poucos,
e ainda não chegou ninguém,
ninguém que sirva ao seu convite impossível

Sem cara de quem para pra pensar

Morra a esperança
antes que eu morra
insatisfeito por sofrer
pelo seu bem

Sem cara de quem para pra pensar

Da Caixa de Sapatos nº 4 - Nanda


Como pude ser tão criança
em não dizer?

Como esquecer,naquela dança
quem sobrou fui eu

Eu nunca fui comos os outros são
Não pedi por um beijo bom,
nem senti mais que a tua mão

Num medo vão,a dor de um "não"

Quando ao te ver me dói o peito,
quero mais te ver

Perto de você sou tão sem jeito,
mesmo tão feliz

E eu nem procuro entender,porque
tudo é tão sincero e também
é só teu,e de mais ninguém

E sem saber,sem saber

Como sempre foi

Quero nem pensar no quanto peno
por não lhe ter

Sinto fenecer o tão pequeno
que restou de mim

Da Caixa de Sapatos nº 3

Ela me tem em doses mínimas,
homeopaticamente controladas
Ah...mas ela me tem!

E cá estou eu a me defender
Frágil é a minha pele quando exposta ao sol,
que digam minhas dores

Não é vão dizer que não a amo
Não é vão dizer que eu a amo
Não é vão dizer que eu não sei

Eu não sei o que ela sabe de mim
Não,não...

Allison


Naquelas mãos eu te imagino
Deixou um suspiro de lembrança
Os pés descalços seguem passos
sobre a areia que não cede

Não foi um canto de sereia,
mas uma cama no abismo
Uma tristeza e um pesar
que nunca hovera

Já não me rio,porque sei
Eu me tremi de comovido

Se há verdade que liberta
um coração bege e vazio,
só acredito porque sei

Só acredito porque sei

Só acredito porque insisto
no que eu vejo e no que eu sinto

Da Caixa de Sapatos nº 2

Suas suposições em caixas de sapato
Todas em um bom estado de conservação
Lembro de um passado estranho,poucas coisas de bom
Tudo muito complicado,que até chego a mentir

E o que você fez comigo não ajuda
a compreender por que ainda estou tão só
E o que você fez comigo é nada
comparado ao colo da minha avó

Já toquei em palco de igreja,
Já toquei as músicas do pastor
Já julguei amigos pelas costas
Já preguei na praça e fui humilhado

E o que você fez comigo é escroto
porque você nunca apareceu
enquanto eu procurava feito um louco,
dentro do meu quarto,um rastro de deus

Pensar Estático


Estou comendo na prisão
Rindo na prisão
Crendo que o tempo me obedece

Estou engordando na prisão
E faz uns vinte e poucos anos
que meu mundo estagnou

Aqui tem livros e comida variados,
mas desconheço o que é a responsabilidade
e sinto os dias como pontas de flagelos sobre as costas

De vez em quando,sinto um pouco do clamor
É quando lembro o que há,de fato,meu aqui
É das milhares de migalhas de amores destroçados
que fabrico fardos mórbidos e cálidos

Não me enobreço com a feitura da miséria,
mas ignoro qualquer fuga revelada

Estou inerte na prisão
Sonhando na prisão
Com dias de visita onde a visita seja eu

Com passos de esperança ao corredor
de minha ala adormecida e confortável

O chamado da sirene me desperta
para mais uma manhã obsoleta